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Epifania do Senhor

Publicado por em 05 jan 19. Texto

Epifania do Senhor

Por Padre Álvaro do Nascimento

Epifania vem do termo grego ἐπιφάνεια e tem como significado Revelação, Manifestação. Com esta Solenidade a Santa Igreja celebra o aparecimento do Senhor ao mundo inteiro. No dia 25 de dezembro, com o Nascimento de Cristo em Belém, houve também uma manifestação divina, porém restrita ao povo de Israel, aos homens da religião, cumprindo-se a prioridade de Deus à “Nação Escolhida” (cf. Mt 7, 6; 10, 6). Hoje, no entanto, o Filho de Deus é apresentado a todas as nações. Aos que estão perto e aos que estão longe, aos cumpridores da Lei e aos que não querem saber dela…Trata-se de um acontecimento miraculoso, fantástico! “Este mistério, Deus não o fez conhecer aos homens das gerações passadas mas acaba de o revelar agora, pelo Espírito, aos seus santos apóstolos e profetas: os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho. ” (2ª Leitura, Ef 3, 5-6).

Epifania do Senhor está fortemente associada às figuras dos Magos. Pois todos os anos, o Evangelho proposto pela Sagrada Liturgia, é justamente o que os menciona (cf. MT 2, 1-12). A Tradição da Igreja, em concordância com os textos bíblicos, vai nos dá importantes informações destes homens. Afirma que eram três nobres indivíduos (Reis); inteligentes astrólogos ou astrônomos; inconfundíveis pagãos. Nos apresenta também seus respectivos nomes: Gaspar, Baltazar e Melchior.

Na época a expressão “Mago” era atribuída a adivinho, a feiticeiro. Sua função era incriminada pela Bíblia. O Livro do Levítico proíbe estritamente o que faz (cf. Lv 19, 26). Também a “Didaqué” (primitivo catecismo cristão) desaprova o que pratica, equiparando a má atividade aos piores pecados, como o roubo e o aborto.

Nos Magos sobressaem três grandes características, a saber: poder aquisitivo elevado (reis), altamente cultos (astrólogos) e renomados pagãos (feiticeiros). São três requisitos humanos dificílimos de se prostrar diante do Criador, reconhecer Deus como Deus. O rico coloca sua fé somente no dinheiro, naquilo que lhe pode dá tudo e suprir quaisquer necessidades… Imagina não carecer de Deus. O inteligente tem a ciência como deusa. A razão é o único elemento capaz de lhe trazer a realização. Para ele a fé no Onipotente não passa de um mito, uma invenção dos simples e dos que tem preguiça de pensar. O feiticeiro nem se fala! Como dizem, “é mais fácil aprender japonês em braille que um bruxo se converter”.

Pois bem! O impossível acontece! Estes homens vão ao encontro do Deus de Israel! Percorrem longos caminhos, enfrentam numerosas dificuldades e são alvos de incompreensões da parte de todos…. Encontram o Senhor e o adoram reverentes!!! Que fenomenal!!! Que espetacular!!!

Agora lhes apresento duas razões pelas quais tudo isso foi possível: a) Necessidade do Eterno existente no coração humano; b) surgimento de uma estrela.

A busca pelo Transcendente é inerente ao ser humano. Todos, independentemente de quem seja (ateu, pagão, budista…) carregam consigo este anelo. Desejam o Altíssimo! Com muita sabedoria nos diz Agostinho nas “Confissões”: “Fizeste-nos, Senhor, para Ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Ti. ” O nosso coração tem saudades de Deus. Digo “tem saudades” porque um dia ele foi dEle. Quando ainda éramos formados, no ventre de nossa mãe, embora sem nenhuma consciência, Deus estava ali e era o nosso Tudo, o Absoluto de nosso ser. Quando criança, a forte presença divina exalava cada espaço pela ingenuidade, inocência, pureza…Agora quando nos tornamos adultos, só Deus sabe por onde fomos caminhar! Alguns ainda continuam caminhando na maldita estrada sem fim. Tenhamos compaixão de nosso pobre peito, matemos a saudade do Céu que nele existe. A melhor forma para isso é estando em Sua Magnifica presença diariamente!

Pobres Magos se a Estrela não os tivesse aparecido! Teriam continuado com suas vidas opacas, sem o brilho das Alturas Celestes! O mundo precisa de estrelas, de luzeiros que indiquem o caminho a Cristo. São Paulo pede que assim o sejamos, astros a iluminar as noites deste planeta (cf. Fl 2, 15). Sejamos constelações de Deus!!!

O Evangelho diz que ao encontrar o Menino os Magos “Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes…”.

Os presentes oferecidos, como bem sabemos, foram: ouro, incenso e mirra! O Ouro simbolizava a realeza universal. Que Cristo era Rei não somente da Terra Santa, mas de todos os habitantes da terra. O Incenso. Sabe-se que a oferta deste era reservada somente aos sacerdotes, aos que tinham um contato direto com Deus. Com isso o evangelista quer dizer que a relação com Deus é mérito não somente da Palestina, se amplia a todos os povos. A Mirra. No Cântico dos Cânticos vamos perceber que a mirra era o perfume da esposa (cf. 5,1 e 5). Aqui o autor sagrado nos ensina: o privilegiado título “esposa de Deus”, aplicado somente ao povo de Israel, rompe os muros desta nação, se estende agora a toda a humanidade. Todos podemos nos perder de amor para com o nosso Admirável Deus!!! Amém!!!

“Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas mãos gotejavam mirra, e os meus dedos mirra com doce aroma, sobre as aldravas da fechadura.” (Ct 5,5)

Oração: Senhor, rompei minhas trevas com a vossa augustíssima Presença!

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